domingo, 19 de agosto de 2012

Desabafo de um ser do teatro.

Olá!
Ontem, às 14:30h de um sábado, com o sol na cara, eu me peguei pensando o quanto eu amo fazer teatro. Porque ninguém, sem amor, perde seu sábado a tarde e sai de casa pra pegar ônibus e ensaiar um espetáculo pra ganhar, no fim de temporada, R$ 10,00 (R$ 20,00 se dermos casa cheia!).

"Ana fazia teatro desde pequena. Seus pais nunca apoiaram, não é coisa de mulher direita, não dá futuro (lê-se dinheiro), é coisa de bicha e sapatão. Ana desistiu. Ana, hoje, é funcionária pública."
Quem achou essa história triste? Se você achou, parabéns. Se não, meu pesames.

Sabe o que é triste? É nós, paraenses, sonharmos em um dia apresentar nosso espetáculo no Teatro da Paz. Enquanto o cara lá, aquele da televisão que cobrava os ingressos por R$ 70,00, se apresentou duas vezes (com casa cheia e todos bem arrumados), uma em cada volta por todas as regiões do Brasil que ele deu. 

E por que ator de teatro não trabalha? Por que quando as pessoas perguntam "E então, o que tu fazes?" e a gente responde: "teatro." a pessoa pergunta de novo: "HUm.. não, mas quero saber o que fazes..". 

Por que só ator de televisão é que é ator de verdade, quando deveria ser ao contrário? Não desmerecendo a televisão, todos tem suas dificuldades, mas o teatro não é só feito de bundas (literalmente), apesar de alguns espetáculos já trazerem essa triste cultura mundial por necessidade.

Acho incrível a capacidade que as pessoas tem de achar que arte não é trabalho, é terapia. Que arte é hobbie. Que arte é coisa de gente que não tem o que fazer.
Muitos médicos também não tem o que fazer e tratam coisas sérias como virose.
E assim como tem médicos que salvam vidas, a arte também salva.

Não nasci pra qualquer outra coisa, não nasci pra fazer concursos públicos. 
Nem escolhi o que fazer.
Ele que me escolheu.

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